quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Pessoas não são apenas dados !

"Tanto faz quem eu seja. Ou o que eu sinta. Ou o que eu goste de fazer". Rs parece melodramático, mas ninguém dá muita importância pra isso no mundo atual, globalizado, interconectado, onde a maioria das pessoas anda tão centrada em si mesma que acha que tudo aquilo que não for possível de se armazenar não possui maisutilidade.


E infelizmente, isso vem incluindo pessoas.

Pessoas cada vez mais tratam pessoas como mera informação, ou bytes. Simples dados, que ao se mostrarem inadequadas para determinadas formas de consumo ou entretenimento, são sumariamente deletadas, ou pior ainda, deixadas de lado, esquecidos em pastas obscuras.

Eu prefiro ir pelo fluxo oposto. Para mim, independente de suas características pessoais, sejam elas quais forem, as individualidades tornam a vida em sociedade mais interessante. Individualidades podem e devem ser discutidas quanto somadas, porém nunca subtraídas ou principalmente divididas.

Pessoas não são descartáveis, muito menos substituíveis.  Pessoas são importantes. Pessoas possuem sentimentos. Devemos pensar nisso antes de tratar alguém com desdém, frieza ou de modo não sincero. Nós não somos o centro do universo, apesar de cada um de nós ser um universo de sensações e vontades.

Porque não somar tantos universos, ao invés de afastá-los, como tantos costumam fazer ?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Indiferença

Algumas pessoas parecem tão auto-suficientes que nos deixam na "geladeira", de lado.

Não, não é insegurança. Nem egoísmo nem nada do tipo, de querer todos sempre perto e à disposição para nossas vontades. Mas é apenas uma questão de observação. Muitas mudam do nada. Se em determinado momenhto te tratam com toda a paixão e entusiasmo, em outro praticamente só faltam dizer : "você não em interessa mais".

Não sei quanto a vocês , mas eu não consigo ser assim. Por mais que tenhamos a nossa individualidade e precisamos ficar sozinhos, precisamos interagir. Precisamos de outras pessoas. Afinal, vivemos em sociedade.

Várias pessoas que se desmanchavamos em sorrisos se tornaram do nada, frias e insensíveis. E aí pensamos : por acaso teria feito algo de errado ?  De "ótima pessoa, imprescindível e insubstituível", nos tormanos "conhecidos". E aí vemos que sempre tratamos todos bem, e nada justifica isso no mundo.

Talvez seja o mais sábio a fazer viver sem esperar nada dos outros. Pode ser duro, mas teremos menos decepções e saberemos separar mais quem realmente importa conosco do que apenas nos usam e nos jogam fora, nos tratanto com uma vergonhosa falsidade durante anos e mais anos.

Nós precisamos e entender que nós não somos descartáveis. Feito isso, o azar será todo de quem nos abandonar.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Ler ou ouvir ?! Eis a questão ...


Nos últimos meses, a discussão sobre como a internet prejudicava formas de lazer e cultura como cinema, leitura, música e afins ganhou grandes dimensões. Hoje em dia, tudo é informação, dados. Alguns tratam clássicos da literatura ou discos seminais de música como meros bytes, já que dá pra se ouvir, ver e ler em portáteis como smartphones e iphones. É a tal globalização, né .. rs

Mas tenho muitos amigos que ainda se mantém firmes e fortes comprando livros e discos. Eu mesmo corro atrás de obras originais de grande valor pra mim. Nada substitui a sensação de você ler e tocar o livro, ou ouvir o cd e colocá-lo em sua capa, ler as letras, a arte gráfica do encarte, isso é inexplicável !


E uma banda mais "nova" me traz essa sensação, de que a obra física ainda consegue ser importante em meio a tantas inovações. O Mastodon é uma banda norte americana, formada em 2000, por dissidentes de outros grupos da cena underground de metal. Brent Hinds (vocais e guitarra), Bill Kelliher (guitarra), Troy Sanders (vocais e baixo) e Brann Daillor (bateria) logo se destacaram por fazer um som que à primeira vista pode parecer inclassíficavel, mas mostra-se uma intrincada mistura de sub-gêneros da música pesada como grindcore, stoner rock até punk progressivo. Tais características então tornaram a banda uma das principais do movimento conhecido como 'New Wave Of American Heavy Metal', que marcou a inústria norte-americana na década de 2000. Vocais gritados e guturais, riffs precisos e complexos, linhas firmes de baixo e um baterista com um repetório simplesmente inesgotável de grooves e viradas, com forte inspiração no jazz e progressivo. Em seus discos lançados até agora, eles buscam abordar um elemento da natureza, seja de forma conceitual ou não.



                                         A banda : Brann Dailor, Brent Hinds, Bill Kelliher e Troy Sanders


Até agora, os caras lançaram quatro bolachas : Remission (2002), sobre o fogo,  Leviathan (2004), sobre a água, Blood Mountain (2005), sobre a terra, e Crack the Skye (2009), que fala sobre o éter e o ar, além de uam trama mais complexa. Nesta postagem, abordaremos o segundo. E mais futuramente, todos os outros.






'Leviathan' é um disco que fala da água, ancorado no clássico livro Moby Dick, de Herman Melviille. Esse livro é de complicada leitura, usa uma linguagem específica e pode parecer chato inicialmente, mas vale o esforço. E incrivelmente, a banda torna tudo mais fácil com este álbum."Blood & Thunder" já abre os trabalhos de forma avassaladora , tratando a obssessão do Capitão Ahab em encontrar-se com a baleia branca, custe o que custar, seja a sua vida ou a de seus tripulantes. Os versos " Split your lungs with blood and thunder,When you see the white whale .. Break your backs and crack your oars men, If you wish to prevail .." mostram isso muito bem.


" There's magic in the water that attracts all men", são os primeiros versos da faixa seguinte, "I Am Ahab".  Seria uma forma de justificar tamanha obsessão ? E essa obsessão, seria por Moby Dick ou por reaver sua perna, arracanda pelo imenso mamífero ?  Só ele sabe ...

Temos também a sensacional "Island", com um ótimo revezamento entre os vocais de Brent Hinds e Troy Sanders, e que mostra referências que vão desde a mitologia nórdica até mesmo a gêiseres, rios de lava e erupções vulcânicas :

" 'll stay in the lava for life 
Erupting when gods take us all
Changing the peaks makes us pour
From the mountain and burn
The path of our time (II)
Hail people of Iceland
Journey of a land anew
Ram as our liaison
Vision inspire and move
Awe holy island
Breed the lagoon to run free
Raw beauty is ruthless within the golden ring

Precision of Grungir
Spear of the Norse God Odin
Praise our Pagan Father
Founder of the Althing  (I)
 

Ruler of sky's thunder
The honourable warrior
All divination
Beward the Hammer of Thor  (I)

Lava goddess
Ice and fire
Settling down
Ocean Geysir
Gullfoss
Heimaey '73 (III)
"


Em "Megalodon", nome dado anteriormente ao maior peixe do mundo, mitos sobre a tal criatura são colocados em debate :

"    
Myth or legend
Nymph tale washed ashore
Near the kraken sleepeth stirs coral and bone
Infinite city
No sexy sneer
Hideous creation
Human and animal
Banter songs of rudeness to be adhered
Not on rocks that glisten
Harps to listen
Comb hair
Tear right to pieces
Left to recess a watery grave
 

Sensing the blood of prey
Swimming in fear for life (...)
"



Uma das mais simples e pesadas faixas do disco. Destaque para ótimo riff que antecede as frases "Sensing the blood of prey .." , uma clara citação a Sanitarium (Welcome Home), do Metallica, banda que tanto os influencia. 


Já em "Aqua Dementia" , Ahab destaca : "It's hard to stand around and watch while they ignore us". Algo parece tentá-lo a ir para dentro do mar, ao mesmo tempo que avisa sobre o perigo. E percebemos que Moby Dick não parece se incomodar com aqueles que a perseguem. A embarcação não lhe causa nada além de indiferença. Até agora ...

... na última, "Hearts Alive", onde temos o instrumental mais trabalhado do álbum. Belíssimos arranjos de guitarra e sensacionais viradas de bateria deixam todo o clima para o leitor/ouvinte pereceber que a essa altura, Moby Dick já estraçalhou o navio.


" Taken down with hearts alive
Our hearts alive

Lurking dark underground
Descend to the bottom
Swim below eternally
Into the deep blue sea (...) "


E o único sobrevivente, Ismael, que embarcou nesta viagem atrás de uma simples aventura, consegue ser resgatado por um navio que passou por ali horas após o terrível embate entre o obcecado Capitão Ahab e seus marinheiros contra aquilo que acreditava ser a encarnação do mal, a imensa baleia Moby Dick... e ele foi a testemunha ocular de tudo.

Um grande livro, e uma grande banda, sem dúvidas. O Mastodon conseguiu algo incrível com este álbum coinceitual. Tornar leitura e música uma experiência intrínseca, ainda mais dada a natureza de sua música, pesada, orgânica e complexa. Ler esta obra com este disco ao fundo é garantia de um grande passatempo, e que pode ser repetida várias vezes. É praticamente estar lado a lado com Ahab em seu convés, e testemunhando sua jornada sem salvação contra seu mais temível adversário. A pergunta é : Quem, ele mesmo, ou a imensa Moby Dick ?



                                          O Mastodon, e o hoje aposentado Borat : Jagshemash ! \0/